sábado, 17 de março de 2018

CREPÚSCULO 2

Uma sombra caminha à frente
Deslisando disforme sobre obstáculos
Pedras, gravetos, excremento.
Silente entre as folhas mortas
Penetra o riacho
Para logo emergir ilesa, seca.
Queria ter esses braços
Essas pernas longas
Esses ombros encolhidos...
Porque a sombra está à frente
Caminhando de maneira decidida
Se estica, estranha, até alcançar a dobra do horizonte.
Mas o sol se põe.
A sombra enfraquece
Vai sumindo, me perdendo
Ao desprender-se, aliviada, dos meus pés.