domingo, 11 de abril de 2021

ABSTRATO

Aos poucos, troquei as letras
Alterei as palavras
Desconstruí as frases...
Tudo com o único propósito
De não parecer falar um idioma...

Finalmente, com o desentendimento
Pude notar no meu tom de voz
Uma mistura angular de azul e ocre
Enquanto minha língua, dividida em várias pontas 
Desenrola-se, continuamente, em cerdas finas
Não para fora, mas para dentro de mim
Me lambendo as entranhas.

É um prazer que acaba, mas não termina:

Um eventual respingo branco
Ainda escorre pela superfície
Deixando o rastro de um gesto lascivo...
Embarco nele, para ir além dos limites de onde me enquadro
E, então, transbordo
Pronto para desbravar mundos
Onde não existam significados.