Nas pontas afiadas dos lápis de cor as cores
Anseiam em desempenhar seu papel no papel
Na parede no chão na mão
Da menininha que sem se preocupar com a forma saberia
Imprimir de alguma forma o mais
Legítimo ato de libertação
Gasto as solas dos sapatos gasto
Os olhos os ouvidos e a língua gasta
Gasto as unhas e os dentes a pele em atrito com
O ar eu gasto e
Do meu corpo a morte provará não mais que o gosto do doce pó
E iriam-se contentes estas cascas de madeira salpicadas de cor restos
Mortais sepultados no reservatório
Do apontador e ririam-
Se contentes os rabiscos soltos por serem
Naturais e imprevisíveis como seres
De asas-pó
Mas é fantasia minha nunca voei
Os cadernos de desenho permanecem todos novinhos
Em folha os lápis de cor me encaram o canela
O cereja o ocre inclusive o royal todos
Em riste aguardam tristes e inteira-
Mente desapontados comigo