Perdi o apetite pelas coisas doces
quando percebi que é de doçura que se fazem as ilusões...
agora prefiro o amargo
o ácido.
Dou um rio do mais puro mel
por uma gota de fel
para senti-la indubitavelmente.
Troco uma carícia nos cabelos
por um corte profundo na carne
para tê-la por definitivo...
Que delícia acordar com uma mordida feroz
um balde de água gelada
jogado na cara!
Mas, nada perdura...
...Onze mil quinhentos e vinte e nove beijos insípidos
e a vontade única de continuar assim
dormindo...
Embebeda-me, então, com tua lucidez.
Quero a bile negra
e corrosiva.
Quero o sabor real do sangue
o sentido concreto da lágrima
do suor...
Quero tudo que seja fluído
e intransitório.
Quero o muco acre e viscoso
transbordando de você
direto na minha boca.