terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

ASSOMBRAÇÃO

Alguém muito parecido comigo
Acena pra mim, me chamando
A cada esquina.

Eu aperto o passo
Passo reto
Nem olho pros lados.

Depois, não sei bem o quê
Mas algo sempre me parece ficar caindo pelos furos do bolso.
Tateio, procuro, avanço, adentro
E acho senão eu mesmo
Adverso, estranho, intruso, ao avesso...

Nunca perdi nada.
Nunca pedi nada.
Eu carrego uma mala vazia
Sequer tenho documento.

Dessa forma, sigo sem olhar pra trás
Pois, se não vejo o rastro, o rastro não existe.
(Ademais, meu bolso nem está furado...)

E assim, sozinho no meu quarto completamente escuro
Eu fico de olhos abertos.
Se pisco, é por capricho
É pela estranheza
Por essa sensação alheia...

Quem eu seria se...
É inconclusivo.

Porque pego no sono
Ou não pego
Não sei bem
Mas o fato é que tenho dormido muito bem.

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